Por quê isso?

Raiva, indignação, tristeza, decepção. Esses são os sentimentos que mais estão presentes quando eu penso na minha situação, na espera deste (antes bendito, agora maldito) visto.

Lembro da minha correria e minha pressa ao saber que tinha sido aprovado no mestrado. O dia? 14 de setembro, uma sexta-feira. Exatamente na segunda-feira seguinte, dia 17 de setembro, reuní toda a documentação e consegui terminar o pedido do visto.

Neste período, me ligaram pedindo documentos que eu tinha enviado (provavelmente foram extraviados), meu pedido voltou porque eles não esperaram a chegadas destes documentos, depois me disseram que um dos documentos não era exatamente o que eles queriam (custava me dizer isso no início?), entre outras situações absurdas.

Me assusta mais ainda é que esse num é um caso isolado, saca? Tive uma amigo que eles perderam simplesmente o passaporte dele. Outra conhecida estava com uma bolsa dada pelo próprio ministério das relações exteriores, perdendo aula, com a possibilidade de perder a bolsa e a fulana do consulado dizendo que o caso dela simplesmente não estava sendo tratado como prioridade. Como é que pode isso?

Enquanto isso a vida da pessoa segue estagnada. Nada mais brochante do que passar os dias sem um objetivo. Alguns podem pensar que passar um mês e meio sem fazer nada é tudo o que uma pessoa poderia querer ainda mais já tendo o próximo passo planejado e certo. Mas eu não consigo pensar dessa forma.

Já são 45 dias em que eu não posso gastar dinheiro, de todos esses dias eu muito tive a companhia da minha namorada, mas agora ela já teve que retomar o rumo da vida dela e está mais do que certa. Eu, ao contrário, estou dia após dia em casa. Perdendo não mais aulas mas disciplinas inteiras enquanto o povo brinca de dizer se eu posso ou não ir para a Espanha.

Os projetos ficam suspensos. Difícil iniciar uma atividade e pensar que ela pode ser interrompida amanhã com a chegada deste bendito visto. Tem coisas que eu já teria realizado se soubesse que meu visto demoraria cerca de 50 ou mais, mas que eu deixei justamente pensando em me despedir da namorada, dos amigos, dos familiares, etc.

Enquanto isso a gente se segura numa base de força e paciência. As vezes essa base não aguenta tanta frustração e a raiva impera, mas vem o outro dia e você tenta novamente seguir perguntando sobre teu visto e o porquê da demora dele. Conselho correto foi o do Leonardo que me disse: “Cara, vai fundo. Coragem e força. Não se deixe abater pelo que de chato virá pela frente”.

Sábias palavras, amigo. Acho que daqui a pouco estarei na Europa e poderei dizer o quanto vale a pena a aventura, mas quer saber? Enquanto eu ainda estou aqui só digo uma coisa para quem quer ir: Força que a coisa é chata demais!